Afonso Emílio Massot
Affonso Emílio Massot, nasceu nesta cidade de Pelotas –
quando ainda Província do Rio Grande do Sul – no dia 16 de outubro de 1865, sob
o signo da Guerra do Paraguai e faleceu a 21 de outubro de 1925, na capital do
Estado, cinco dias após completar 60 anos.
Era filho de Affonso Theodoro Emílio
Massot de Missimy e de dona Cesária Amélia Berni Laquintinie Massot e seus
irmãos todos nascidos nesta cidade de Pelotas, eram Luis Carlos Massot,
Leonídia Massot, Céphise Massot, César Massot, Amadeu Massot – que também foi
coronel da Brigada – e Leontina Massot.
Em 19 de Abril de 1902, o nosso Patrono casou com a Srta.
Maria Eduarda de Alencastro e, dessa união, nasceram os seguintes filhos:
Eurico Alencastro Massot, Eleonora Alencastro Massot, Sara Alencastro Massot
(que faleceu um mês e 20 dias após seu pai), Maria Massot Capanema e João
Batista Alencastro Massot.
Affonso Emílio Massot fez seus primeiros estudos com o
próprio pai que dirigia o chamado Curso Racional, mais tarde passou a estudar
com seu tio materno Carlos José Laquitinie.
Mais tarde, seguindo a vocação paterna, e em companhia de seu
irmão Luiz Carlos, fundou o Co1égio Evolução, do qual era seu diretor, e onde
lecionava Francês, Geografia e outras matérias.
Affonso Emílio Massot, ainda moço, fica órfão e chama a si a
responsabilidade de educação dos seus irmãos mais jovens: Amadeu e Leontina.
Á par de suas atividades profissionais, MASSOT atuava em
outros setores dentro da comunidade. Era um excelente tribuno e a sua oratória
o destacava entre os demais. Pertencia a ordem maçônica tendo sido Venerável
Mestre da Loja Rio Branco.
Mas foi a partir do ano de 1892 que começou a brilhante
trajetória da carreira de Affonso Emílio Massot.
Com a extinção da Guarda Cívica, foi criada pelo Ato 357, do
Presidente Fernando Abott, em 15 de Outubro de 1892, a BRIGADA MILITAR, para
conter os malefícios da Revo1ução Federalista que devastava o Estado. E na
organização da Milícia recém criada estava prevista a criação de uma Unidade da
reserva, na cidade de Pelotas.
E foi com a criação do 1º Batalho de Infantaria da Reserva da
Brigada Militar, nesta cidade de Pelotas, que começou a vida militar do nosso
homenageado, que ingressou na Força como capitão comandante de uma Companhia
trocando, assim, a profissão de professor pela de militar.
Pensou em deixar, provisoriamente, de ser um Mestre dos
livros para se tornar um Mestre das Armas, cometeu Massot um pequeno engano,
pois além de se tornar um eminente militar continuou sendo um brilhante
preceptor entre seus pares.
No ano de 1893, aconteceu o seu batismo de fogo, ao
participar a 11 de Fevereiro, do Combate do Salsinho, contra as tropas de
Gumercindo Saraiva, no local chamado de Carpinteria.
Ainda neste ano de 1893, participou ativamente nos combates
de:
UPAMAROTI, a 12 de Maio, aonde conduziu pessoalmente uma
linha de atiradores da sua Unidade; pois havia assumido o Comando do 2º
Batalhas da Reserva, a 26 de Abril.
ARROIO PIRAI, em BAGÊ, a 20 de Junho onde o nosso homenageado
comandou com bravura e muito brilhantismo, uma carga de Baionetas.
SERRILHADA, a 23 de Junho, contra uma poderosa força de
cavalaria dos rebeldes.
A quatro de Novembro foi promovido a Major, sendo efetivado,
a 17, no Comando do 2º Batalhão da Reserva.
Dias depois seguiu para BAGÉ onde participou de 24 de
Novembro de 1893 á 08 de Janeiro de 1894, da Resistência ao famoso Sítio de
Bagé. Nesta ação defensiva, MASSOT foi ferido no peito. A sua atuação neste
Sitio foi tão correta que motivou uma proposta do Coronel Carlos Teles, para
que lhe fossem conferidos pelo Governo Federal, as honras de Coronel do
Exército.
E Massot não aceitou, para não ficar acima dos tenentes
coronéis que comandavam Corpos da Brigada. Mas aceitou mais tarde, as de
tenente coronel.
No ano de 1894, após se restabelecer do ferimento, voltou à
ação em seis de abril participando da Brigada Teles, seguindo para Rio Grande e
tomando parte no Combate da Estação da Quinta a 11, impedindo que os rebeldes
invadissem Rio Grande, por terra.
À tarde entravam as tropas da Brigada Teles na cidade, onde
MASSOT recebeu os gabes de tenente coronel e a nomeação para o 2º Batalhão da
Reserva, aonde vinha prestando serviços desde abril do ano anterior.
Ainda nesse ano de 1894, o Tenente Coronel Affonso Emílio
Massot era incluído nos quadros efetivos da Brigada Militar, cujo Comandante
Geral era o Coronel do Exército Joaquim Pantaleão Telles de Queiroz.
No ano de 1895, a 06 de Janeiro, Massot enfrenta em
Cacimbinhas, hoje Pinheiro Machado, as Forças do General José Maria Guerreiro
Vitória.
A cinco de Março lutava contra as tropas de Aparício Saraiva
e a 21, novamente enfrentava Aparício, na Estiva, zona do Ponche Verde.
E a 13 de Abril participa do Combate de Dom Pedrito, em
perseguição às Forças de Aparício Saraiva e Guerreiro Vitória. Sendo este o último
combate que participou na cruel Revolução Federalista,
A 23 de Abril, assumiu o Ten. Cel. Massot, o Comando do 2°
Batalhão de Infantaria, da ativa, da Brigada Militar, seguindo então para a
cidade de Rio Grande e depois para Porto Alegre, onde aquartelou.
A seguir foi firmada a Paz. Firmaram-na nesta cidade de
Pelotas na residência de um dos protagonistas, situada Rua 15 de novembro N°
810, prédio ainda existente.
MASSOT aos 30 anos de idade, com quase três anos de
atividades bélicas, resolveu voltar à antiga profissão, queria somente se
dedicar aos livros e aos seus alunos.
Requereu a sua demissão, mas seu requerimento foi indeferido
pelo Presidente do Estado, Dr. Júlio Prates de Castilhos, com a alegação que
Massot merecia toda a sua confiança e a de Comandante Geral.
O Presidente o recebe pessoalmente, em palácio, pedindo que
continuasse no serviço ativo. E o bravo oficial aceita as ponderações e
permanece no Comando do 2º Batalhão de Infantaria.
Em 1914 recebeu o Comando Interino da Brigada Militar até
1917, quando foi promovido ao posto de coronel e efetivado na função,
A partir deste período começaram a se realizar os sonhos de
MASSOT, relativos à Brigada Militar; teve início a fase de ouro da nossa
Milícia quanto a parte Administrativa, Técnica, Tática e Cultural relativo a
estrutura existente, com os seguintes eventos:
Criação do Curso de Ensino, mais tarde Curso de Preparação
Militar, hoje o Curso de Formação de Oficiais; Regulamentação para o HBM; Criação
da Escolta Presidencial, hoje 4º RPMon; A Milícia passa a ser Força Auxiliar do
Exército; São criadas três Escolas: Ginástica, Esgrima e Equitação; Aquisição
de terreno para o quartel do 1º RC; Inauguração do Quartel do 2º RC; Reorganização
Geral da BRIGADA MILITAR; Mudança do lº RC para SANTA MARIA; Criação da Posto
de Aspirante Oficial; Formatura da 1ª Turma do CPM (CFO); Criação do Serviço de
Aviação; Tradução do livro “O NOVO OFICIAL DE INFANTARIA NA GUERRA” pelo próprio
Coronel MASSOT.
MASSOT foi um homem que esteve sempre acima do padrão normal
da sua época e segundo o historiógrafo ANTONIO ROCHA DE ALMEIDA: em seus 33
anos de serviço à destemerosa e eficiente Milícia Gaúcha, ninguém, por certo, o
excedeu em bravura, na correção de atitudes e na lealdade consciente à ordem e
à lei.
MASSOT sem ser um narcisista, foi um perfeccionista,
modelando seus comandados com a tecnologia mais apurada da época, resultando
num reconhecimento e admiração, tal o avanço demonstrado para a época.
Segundo o Cel. ALDO LADEIRA RIBEIRO, “Talvez entre todos os
cidadãos que, como oficiais tenham passado pelas fileiras da Corporação Gaúcha,
nenhum outro conseguiu conquistar uma auréola de justo prestígio e merecida
admiração” como conseguiu o nosso Protetor. Existe um adágio que diz: “Feliz do
homem que passou, deixando atrás de si uma réstia de saudade”.
Esta é uma sentença que se pode, tranquilamente, aplicar à
MASSOT. O nosso Patrono foi um homem felicíssimo, porque a1ém da saudade deixou
também número quantioso de obras realizadas, na sua Milícia, o que lhe valeu o
reconhecimento das gerações que lhe sucederam.
Ele foi um emérito militar, um prodigioso Mestre e um
extraordinário administrador. Essas atitudes davam-lhe a capacidade de infundir
uma nova orientação à seus comandados, fazendo-os possuir um sentimento novo:
AMOR AO TRABALHO, AMOR AO ESTUDO, AMOR À INSTRUÇÃO E AMOR PROFISSÃO.
A concessão do titulo de PATRONO DA BRIGADA MILITAR,
concedido em 20 de Outubro de 1953, foi em conseqüência do reconhecimento à
seus atributos.
O preito que se dispensa, ao grande Padrinho, na
terra que foi seu berço natal, coincide com os 127 anos de seu nascimento, 100
anos da BRIGADA MILITAR e da sua inclusão nas fileiras da Força, 67 anos do seu
trespasse e 39 da concessão do título de Patrono Brigadiano.
O tempo passou célere.
Mas usando uma citação do então Major Mozart Ferreira:
“Ei-lo, no entanto, cada vez mais vivo em nossos corações.
Os anos já se passaram, mas ainda hoje, como sempre, vive na
alma da BRIGADA MILITAR a lembrança daquele que, em vida, foi um dos mais
peregrinos exemplos de virtudes morais e cívicas.
PATRIOTA, EXTREMADO e VALENTE, Político convicto e generoso.
Como Soldado, só possuía um desejo: SERVIR A BRIGADA, AO RIO
GRANDE E A REPÚBLICA.
“E foi como Soldado que ele surgiu como um bravo, como uma
glória Rio-grandense e uma magnificência Nacional, nos campos de batalha”..
Portanto ao apresentarmos este monumento de 155 centímetros
de altura, recordando os 155 anos da Corporação, o fazemos dizendo:
“Cel. AFFONSO EMÍLIO MASSOT, bravo Cabo de Guerra,
sapientíssimo preceptor, proeminente Comandante e nosso estimado e idolatrado
Patrono: A vossa imagem querida, os vossos feitos notáveis e os vossos
instrutivos exemplos, servirão como um FANAL a nos guiar na estrada da grandeza
da nossa querida BRIGADA MILITAR.“
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